Resumo
Propor a noção de sexotecnologias aplicadas como estratégia estética na performance tecnofeminista possibilita abordar a compreensão desse termo como um mecanismo de subversão dentro dos regimes de visibilidade cênica, por meio do jogo com o prazer e sua performatividade no palco e nos circuitos artísticos com apresentações públicas que beiram os limites do íntimo. Isso por meio do uso de interfaces tecnológicas, com as quais não apenas o gênero e a sexualidade são transgredidos, mas também outros espaços são abertos, como o da perturbação, graças à exposição do tabu sexual, e também o da perversão, graças ao desvio do padrão sexual normativo. Isso, consequentemente, abre, em primeiro lugar, outros focos de análise carregados com a subjetividade e a intimidade do observador, em diálogo ou conflito com a do performer, e a proposta em questão "Noise from the Matrix", e, em segundo lugar, os possíveis imaginários transfeministas que são gerados a partir da mutação do gênero do performer no palco, e as reflexões que surgirão da análise acadêmica da artista sobre seu próprio trabalho. Identificamos duas formas e/ou usos nessas práticas sexo-tecnológicas: uma convencional e outra não convencional. A primeira inclui todas as práticas em que são usados brinquedos sexuais convencionais, como dildos, arreios, vibradores, entre outros. Na segunda, que é a que nos interessa analisar, encontramos objetos não normativos para a performance pós-pornô. Nas sexotecnologias não convencionais, encontramos formas eróticas e sexuais com dispositivos que foram criados com outra finalidade técnica/tecnológica, mas que, quando usados para o sexo na performance tecnofeminista, cruzam a fronteira da sexualidade, propondo outra visão do sexo, que tira o objeto de seu estado cotidiano de transparência e leva o artista a habitar um corpo de código aberto, abjeto e transfeminista.
Referências
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